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Tem esse cara, que é um bosta.
Quer dizer, ele não é encantador o suficiente, nem canalha o suficiente.
É quase franzino e covarde. Vive sorrindo o sorriso meio burro de quem entendeu a piada.
Pois é, esse cara
fala a coisa engraçada pro sujeito errado e o sujeito errado vai pra cima dele.
Os dois se atracam
a socos, pontapés, mordidas
e esse cara, o nosso bosta
que está levando a pior
saca uma faca e crava na barriga do outro
que geme e geme e morre.
Então, para se salvar, o nosso cara
retalha o rosto do recém defunto e
zarpa na manhã seguinte
em um barco cujo destino é a selva
Partindo como voluntário
para trabalhar na distribuição de vacinas
em comunidades inóspitas de pescadores
na beira do rio Amazonas
Tomando assim a identidade do sujeito que ele matou.
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Há alguns dias, era de manhã cedo, quando eu acordei, peguei um caderno e comecei a anotar.
Esquecendo muito mais rápido do que anotando, logo desisti e voltei a dormir.
Hoje, há algumas horas, vi a página com essas anotações no caderno da minha namorada.
Em menos de meia página, estava escrito assim:
"
INÍCIO
Apresentacão do personagem (que é um bosta)
Ele briga com um cara, mata o cara e troca de identidade com ele (ele recorta o rosto do sujeito)
Em determinado momento ele fica sabendo do programa dos médicos(talvez através do sujeito que ele matou)
Ele vai parar na floresta
"
Ela, minha namorada, me perguntou se eu já tinha visto Profissão: Repórter, do Antonioni. Como ainda não vi o filme, aproveitei para escrever o texto do começo do post
que não deixa de ser uma anotação um pouco mais precisa
do começo de um filme que eu não lembro como continua.
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Se você tiver alguma idéia de como a história continua ou
quiser se manifestar sobre o filme do Antonioni
ou qualquer coisa
fique à vontade.