terça-feira, 19 de outubro de 2010

26/03/09

os pés descalços, dançamos uma dança lenta
em cima de noventa e nove garrafas quebradas
o peito de um homem morto.
E as tuas lágrimas que tocam o meu rosto são quentes
e os teus lábios e a tua língua, incandescentes
e nós dançamos no escuro, e o escuro é enorme, e eu te aperto contra mim
para ter a certeza
de que tu realmente
está aí.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sobre a parte B do diário, retirada

...melhor assim... 



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Meu fígado, seu filho da puta
na hora final
vou dar um porre em nós dois.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

poema de amor despudorado

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Teu corpo queima minha boca
te encerro em meus braços
te esmago com o peso da minha raiva
enquanto 
elástica
tu me atiça.

Vou te arrebentar, sua puta
digo com uma voz que talvez não seja a minha
vai me arrebentar? - pergunta
puta.
Digo:
Sim - caralho - vou te arrebentar
vou terminar contigo e comigo
vou me explodir dentro de ti.

E beijando a boca
o queixo
a nuca,
e forçando músculos
as veias juntas
me esvaio
te lavo em mim
tu, que só é minha
no vazio iluminado
dos nossos olhos revirados
no áspero do gozo.

(novembro de 2008)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010


















.
If Hokusai could get this high
what picture would he draw?

...........

This humble haiku-attempt goes to all the english speaking readers, if there are any, since Google has recently told me that there are people in the U.S.who actually access this website.

If this is true, I'll be glad to hear from y'all !

(bag your pardon if I have mispelled any word)
.
Com a manhã vem a morte, com a morte vem o sonho. 
A vida se resume a isso.
(flash)
em uma cabine telefonica
(flash)
acendo um cigarro
(flash)
com um isqueiro quebrado
(flash) (flash) (flash)
e a brasa queima. Mora? 
E o mundo, lá fora
que se contente em se alegrar 
só de olhar
para a minha cara feia.


................................


fragmento escrito em 20 de novembro de 2008, pela manhã. 
Acho que tenho que parar de usar "mundo lá fora"...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

caroline

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Chego em casa. Tu dorme.
Com todo o cuidado, tranco a porta
caminho espreitando teu sono e dou a volta na nossa cama que é um colchão
no chão.

Abro devagar a janela tentando minimizar o rangido
tu te mexe
prendo o fôlego me sento na janela tiro a mão do bolso e acendo um cigarro.

Projeto meu corpo de costas para fora do prédio e
assopro a fumaça no mundo lá
fora.

Entre pano retorcido e cabelo preto
tu dorme
os olhos sérios fechados
a boca  tranqüila.
Iluminada pela luz da rua, tu é da cor do lençol.

Com um movimento automático, bato a cinza do cigarro no mundo
a janela machuca minha bunda
me mexo
minha bunda escorrega na janela
o cigarro na mão atrapalha
perco o equilíbrio
minhas pernas sobem, minha cabeça desce
vou morrer
sujeira na calçada
Já estou mais para fora do que para dentro
quando dou um soco na janela e na parede ao mesmo tempo
com as duas mãos
e um coice na parede embaixo da janela
me propulsionando assim para frente.

Caio de joelhos entre nossa cama e a morte
a fumaça me engasga e eu tusso com fúria
cobrindo a boca com a mão manchada de vermelho
putamerda quebrei o vidro janela.

Acordada
assustada
tu olha para mim.

Viro as palmas das mãos para o céu, tentando falar, tentando explicar, mas não consigo.
Tu me pergunta o que... e começa a
rir

começo a rir contigo
tusso com cada vez mais força
mancho o lençol de sangue
e damos risada até chorar.