terça-feira, 26 de outubro de 2010

MANUAL PRÁTICO



Aí vai um poema de 2003, 2004. Nessa época eu escrevia poemas assim:


Fome 
ponha o bife na boca
sinta o prazer das vacas mutiladas
enquanto mastiga
sinta o sabor do tecido carbonizado



Engula 
force 
suagarganta
o bolo de coisa descendo

Sinta o estômago vazio
e o ácido dentro dele pulando na comida
como um bando faminto
de cachorros vadios

Olhe

Sinta a corrente, o ciclo. 

Quando os olhos piscam Deus treme.

Ouça a perturbação de um quarto cheio de mim escrevendo.

Tudo tem motivo
até os distantes gritos da rua.

Um comentário: